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Amanhã se comemora 126 anos do fim da escravidão no
Brasil, com o advento da sanção da Lei Áurea em 13 de Maio de 1888. Um dos
episódios pouco conhecido no Paraná foi a “batalha de Cormorant ‘, em 1850
tendo por palco a cidade de Paranaguá.
Os motivos de fundo foi o suposto tráfico de
escravos. Leia abaixo o relato de Diego Antonelli, publicado na edição de ontem
no jornal Gazeta do povo:
“A perseguição implacável do navio
inglês Cormorant a quatro embarcações brasileiras provocou um tenso combate no
Litoral paranaense em 29 de junho de 1850. Na ocasião, foram aprisionados os
barcos Dona Anna e Sereia e a galera Campeadora. Para não ter o barco
apreendido, o comandante do Astro provocou o afundamento do próprio navio.
O historiador Romário
Martins escreveu que o combate teve como pretexto evidências de que os barcos
estariam transportando escravos em um período em que já havia leis que proibiam
essa prática no país. A Lei 7 de novembro de 1831 declarava “livres todos os
escravos vindos de fora do Império” e impunha “penas aos importadores dos
mesmos escravos”. Martins destacou, contudo, que isso não impediu que a
importação de escravos continuasse. Registros escritos pelo historiador inglês
Leslie Bethel revelam que o Sereia, por exemplo, havia transportado 800 escravos
até Macaé (RJ) algumas semanas antes e o Dona Anna desembarcado outros 800
escravos em Dois Rios (RJ) em março de 1850.
O atual presidente do
Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, Ernani Straube, afirma, porém, que
no interior das embarcações brasileiras não chegaram a ser encontrados escravos
no momento da abordagem do Cormorant, o que desencadeou o conflito. “A
população se uniu contra essa ação dos ingleses na costa brasileira”, afirma.
O comandante do
Cormorant, capitão Hubert Schumberg, entregou um ofício destinado ao comandante
da Força de Paranaguá sobre os acontecimentos, mas as autoridades se negaram a
receber o documento. Na noite daquele dia 29, um grupo de Paranaguá se revoltou
com a ação inglesa e foi até a Fortaleza da Barra, na Ilha do Mel, para
combater o Cormorant.
Na manhã do dia
seguinte, os improvisados “guerreiros” desembarcaram na Ilha do Mel. Para eles,
um navio de guerra estrangeiro havia confiscado e apreendido embarcações
nacionais dentro do porto. Isso seria o suficiente para uma reação armada do
Brasil.
Ao avistarem o navio
inglês perto da Barra, tentaram encaminhar um ofício a ser entregue por um
sargento da Guarda Nacional às tropas inglesas. “O barco que o levava foi
recebido a balas”, afirma Straube. Assim, começou uma troca de tiros entre
ingleses e paranaenses. Por 30 minutos, a troca de tiros foi intensa. “Apenas
um marinheiro morreu no conflito”, conta Straube. A batalha só terminou quando
o Cormorant saiu da mira dos parnanguaras.
Somente dois meses
depois, em setembro de 1850 – apoiado pelo governo inglês –, o tráfico de
escravos para o Brasil foi reprimido de vez. A Lei Eusébio de Queiroz reforçou
que embarcações brasileiras ou estrangeiras encontradas em qualquer parte
poderiam ser apreendidas’’.
PEIXE E
LIMÃO.
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