Análise: Ausência de ação dos políticos
Foto:
NINJA MIDIA
No dia em que o Brasil e Brasília
protagonizaram os mais abrangentes protestos de rua das últimas décadas, a
presidente da República ficou muda no Palácio do Planalto e o governador do
Distrito Federal foi a um evento na Embaixada da França.
Dilma Rousseff e Agnelo Queiroz (PT)
são o epítome dos governantes brasileiros. Resumem a perplexidade e falta de
capacidade de liderança dos políticos de vários partidos diante do novo
fenômeno de protestos sem líderes nem propostas definidas.
Tanto a presidente como a maioria dos
governadores formataram um discurso com três componentes. Primeiro, elogiam a
democracia. Segundo, enaltecem os atos pacíficos. Terceiro, condenam as ações
de vandalismo.
Para uma onda moderada de protestos,
esse tipo de abordagem funciona. O político fica bem com a opinião pública e
com a parte "domesticada" das manifestações. Os custos de eventuais
depredações são moderados. O transtorno é passageiro.
Mas no caso da avalanche atual de
manifestações, a presidente e vários governadores não explicam o que pretendem
fazer se os protestos continuarem. Parecem, a rigor, estar apenas torcendo para
o tsunami passar.
Só que os protestos são resilientes. Os
governantes estão aprisionados a um estado de catatonia. Nesse cenário, passam
a ser normais as cenas de fogueiras na Esplanada dos Ministérios como as de
ontem à noite.
Com passado de esquerda, Dilma sente
dificuldades para adotar um discurso crítico aos efeitos dos protestos. Ela
teme ser interpretada como autoritária e a favor do que estão combatendo na
rua.
Ocorre que as principais cidades estão
com suas vidas semiparalisadas há quase duas semanas. Haverá prejuízos
econômicos. Dilma não sabe qual resposta oferecer. Quando a onda passar, há um
risco enorme de a conta acabar espetada na taxa de popularidade da presidente e
de seus colegas governadores.
Fonte: Fernando
Rodrigues – Brasília. (Folha de São Paulo).
PEIXE E LIMÃO
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